sábado, 26 de dezembro de 2009

Sherlock Holmes, de Guy Ritchie (2009)

Guy Ritchie tem, na minha opinião, um defeito de alguns realizadores: os seus filmes são bastante parecidos e por vezes cansa estar sempre a ver a mesma coisa. Não é que neste caso canse. Os filmes do realizador britânico, que ganhou fama com os dois muito recomendáveis «Um Mal Nunca Vem Só» e «Snatch - Porcos e Diamantes», têm a dose certa de entretenimento e são bem filmados.

Para este ano a proposta foi uma revisitação do imaginário de Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) e o seu companheiro Watson (Jude Law), de uma forma bastante original. Por isso esqueçamos a imagem mais conhecida do detective criado por Sir Arthur Conan Doyle. O Sherlock Holmes de Guy Ritchie é alcoólico, entra em lutas ilegais nos lugares mais escuros de Londres e tem sempre resposta para todos, com muita ironia à mistura. Já o seu fiel companheiro Doutor Watson não está mais longe do conhecido: é viciado no jogo.

Isso não impede a dupla de ser bastante requisitada para resolver mistérios, por vezes a convite das próprias autoridades. E por falar em dupla, a interpretação dos actores que a compõe ficará como uma das grandes duplas do ano na Sétima Arte. Voltando à história, em «Sherlock Holmes» Guy Ritchie conta a investigação de uma conspiração que envolve uma sociedade secreta com inspiração nos poderes ocultos que vai ser desvendada pelos dois detectives que vivem em Baker Street. Pelo meio acompanhamos a saída de casa de Doutor Watson, que se vai casar, e o reencontro de Sherlock com uma antiga amante (Rachel McAdams), uma vigarista que segundo Watson foi a única pessoa a enganar o seu amigo.

Outra das diferenças em relação a outras encarnações de Sherlock Holmes é o lado mais negro da personagem. Já aqui referi o alcoolismo e o abuso na ironia, mas é nas lutas e perseguições que mais surge a marca de Ritchie. Filmadas ora em câmara lenta, ora em sequências mais rápidas, há um pormenor que está bastante conseguido. Aproveitando as capacidades de dedução do detective, em algumas destas cenas a acção pára e entramos na cabeça de Sherlock Holmes que analisa o que acontece quando se prepara para atacar um adversário. Um pormenor bastante engraçado.

Com este «Sherlock Holmes» Guy Ritchie volta a mostrar cartas e prova que é um realizador que apesar de não ser dos melhores do mundo consegue ser original na abordagem que faz aos seus filmes. E Robert Downey Jr. apresenta uma interpretação muito boa depois de já este ano ter arrancado uma excelente presença em «O Solista».

«Sherlock Holmes» será sem dúvida um dos bons filmes a reter deste final do ano e prepara-se já uma sequela como deixa antever o final do filme, ao apresentar o arqui-inimigo de Sherlock, o Professor Moriarty. Se a receita se mantiver, o sucesso e o entretenimento estará garantido.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

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