domingo, 17 de janeiro de 2010

A Semente do Diabo, de Roman Polanski (1968)

E por falar em filmes sinistros, «A Semente do Diabo» bem pode entrar para este capítulo. Um dos primeiros filmes realizados por Polanski nos EUA, depois de ter feito carreira na Europa, o filma fica também marcado por ter sido feito antes do terrível assassinato da actriz Sharon Tate, na altura esposa do realizador e grávida em estado avançado, às mãos da Família Manson.

«A Semente do Diabo» é também um dos grandes filmes do cineasta polaco, um dos gigantes do cinema ainda vivos e que está a atravessar uma fase complicada na sua vida. Neste filme Rosemary (Mia Farrow) e Guy (John Cassavetes) são um jovem casal que se muda para um apartamento situado num prédio maldito, onde no passado ocorreram acontecimentos relacionados com bruxaria. Curiosamente, o filme foi filmado no edifício Dakota, onde mais tarde iria morar John Lennon e onde acabou por ser assassinado por Mark Chapman.

Pouco ligando a estes pormenores o casal acaba por ir viver para um apartamento de uma antiga inquilina e torna-se amigo de um outro casal mais velho que os apoia e tudo faz para estar junto dos jovens. Até que Rosemary engravida e o caso muda de figura e começam a surgir episódios estranhos envolvendo os vizinhos e o próprio marido, que antes não tinha sucesso e de repente consegue um papel depois de um actor rival ter tido um estranho acidente que o deixa cego.

Aqui Polanski mostra as suas cartas e apresenta-nos algo de que já estávamos habituados: uma personagem feminina presa num apartamento (antes já o tinha feito com Catherine Deneuve em «Repulsa») que começa a delirar e a ter medo de tudo o que a rodeia. E as cenas dos sonhos são brilhantes. Mia Farrow consegue aqui uma grande interpretação. Tão depressa está como uma jovem mulher contente por estar perto de ser mãe, como depois entra em paranóia quando descobre o que se passa ao seu redor.

E depois temos um final desconcertante, em que Rosemary aparentemente se deixa resignar pelo destino que lhe coube. Ficamos sem saber se ela quer aquele filho por ser quem é ou se o quer por ser sua mãe. No fundo é um dos grandes dilemas que fica para a história do cinema.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

2 comentários:

  1. Este é um daqueles filmes que espera visualização há muitos meses mas por uma ou outra razão nunca peguei nele. A curiosidade é muito mas...

    Outro que teima em não ser escolhido do mesmo realizador é o Repulsion.

    Abraço

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  2. São dois bons filmes e bastante claustrofóbicos. Há quem diga que fazem parte de uma trilogia sobre apartamentos, devido ao papel que os edifícios têm no filme.
    Para quem gosta do género e da obra de Polanski, vale bem a pena perder um pouco de tempo com eles.

    Cumprimentos.

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