terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Biblioteca Cinematográfica: As Vinhas da Ira, de John Steinbeck

O livro: Publicado em 1939, no final da Grande Depressão dos EUA, «As Vinhas da Ira» é um livro com duas facetas: por um lado é o retrato de uma família à procura de uma vida melhor, que atravessa os EUA para tentar a sua sorte na apanha da laranja, por outro é um retrato de vários episódios, narrados como se fossem reportagens, sobre a vida naquela época nos EUA. Estes dois retratos são apresentados por John Steinbeck em capítulos intercalados. O resultado final é uma obra duríssima, com imagens muito fortes da família Joad (que podia ser outra qualquer), que parte do Oklahoma, onde não consegue nada das suas terras e o banco lhes levou o dinheiro, para a Califórnia, onde tentam arranjar trabalho. A viagem é feita num velho automóvel, comprado à custa de muito esforço, que mal aguenta com a carga. Quando chegam ao destino vêem que nem tudo é perfeito no paraíso. Em as «Vinhas da Ira» Steinbeck dá-nos um olhar bastante forte sobre as condições dos sem terra nos EUA, a terra dos sonhos, e as injustiças que sofrem. O final é terrível, deixa-nos sem pinga de sangue. John Steinbeck ganharia o Prémio Pulitzer com esta obra.

O filme: A adaptação ao Cinema de «As Vinhas da Ira» tem lugar um ano após a sua publicação e ficou a cargo de, nem mais nem menos do que John Ford. Este foi também um dos primeiros 25 filmes seleccionados pela Biblioteca do Congresso para preservação futura. Com uma interpretação assombrosa de Henry Fonda, no papel de Tom Joad, esta adaptação não é muito fiel ao original, pois ao contrário do livro, tem um final de certa forma feliz. Sem nada a ver com a obra de Steinbeck. Mesmo em algumas das cenas do filme, as personagens parecem pertencer a outra obra que não «As Vinhas da Ira» imaginadas pelo escritor, muito mais optimista. E há vários episódios de relevo que ficaram de fora, fruto da política dos estúdios da época. Estes pormenores não retiram contudo mérito à obra de John Ford, que acabaria por ganhar dois Óscares em seis nomeações: para Melhor Realizador e Melhor Actriz Secundária (Jane Darwell).

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