domingo, 9 de janeiro de 2011

Tulpan, de Sergei Dvortsevoy (2008)

Para quem apenas conhece o Cazaquistão através da personagem Borat, criada pelo comediante Sacha Baron Cohen, «Tulpan» não é o filme indicado. Ao contrário do jornalista cazaque, «Tulpan» retrata as peripécias do jovem Asa que regressou da Marinha e vive nas estepes do Cazaquistão a ajudar o seu cunhado pastor. Um dos objectivos de Asa é tentar encontrar uma esposa para conseguir que lhe dêem um rebanho de ovelhas para tomar conta. A Tulpan que dá o nome ao filme de Sergei Dvortsevoy, que se estreia aqui na ficção, é a tal esposa que o jovem tanto procura. Só que Tulpan tem outros planos. Além de rejeitar o pretendente, por achar que ele tem orelhas grandes, prefere fugir da estepe em busca do sonho da grande cidade, onde pode estudar.

Aos olhos ocidentais «Tulpan» parece uma comédia, mas é um daqueles filmes sérios de uma humanidade gigantesca. Todas as personagens representam pessoas que vivem em condições bastante diferentes das nossas para conseguirem sobreviver. E todas têm gosto em viver, apesar das dificuldades. Algo que nós, nos nossos mundos apressados, nem sempre nos podemos gabar. Não sendo um daqueles filmes que marcam, «Tulpan» faz lembrar um pouco os filmes de Kusturica, apenas para citar um nome mais conhecido. Tem episódios caricatos, como aquele em que um amigo de Asa (uma das personagens mais mirabolantes de «Tulpan», que considera pornografia arte e passa a vida no seu tractor a ouvir «Rivers of Babylon», dos Boney M. como se fosse a melhor música do mundo) tenta comparar as orelhas do jovem com as do Príncipe Carlos ou a cena da visita do veterinário, mas também alguns sérios, como quando Asa conta o seu sonho a Tulpan, numa das mais belas cenas do filme.

Mas «Tulpan» acaba por falhar porque tem um argumento de certa forma fraco. A história em si é uma boa premissa, mas avança aos soluços e os episódios parece que não têm grande fluidez. A própria maneira de filmar de Sergei Dvortsevoy está bastante agarrada ao documentário. Basta ver a cena em que Asa ajuda uma ovelha a dar à luz. As cenas da natureza também são muito belas e espelham bem a aridez das estepes do Cazaquistão. A estreia de Sergei Dvortsevoy na ficção pode ser quase visto como a outra face de «Borat».

Nota: 3/5

Site do filme no IMDB

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