domingo, 6 de fevereiro de 2011

A Quadrilha Selvagem, de Sam Peckimpah (1969)

Crítica com spoilers)
Se houve alguém que trouxe sangue a rodos aos westerns, esse alguém foi Sam Peckimpah. Um desses exemplos é «A Quadrilha Selvagem», a quarta obra deste cineasta de culto, realizado em 1969. Muitos consideram-no uma orgia de violência, mas a violência sempre fez parte da conquista do Oeste, apesar de pouco explorada nos westerns mais clássicos. Mas «A Quadrilha Selvagem» vai muito para além da violência sanguinária, personificada num bando de fora da lei prestes a entrar na reforma. Este é um grande filme sobre os valores da amizade e companheirismo de um grupo de pessoas, que por acaso estão do lado errado das regras.

Quando travamos conhecimento com a quadrilha ela está a preparar um novo assalto. O alvo é um banco de uma cidade texana, onde está a decorrer uma missa contra os perigos do álcool. Mas o que o bando liderado por Pike (William Holden) e Dutch (Ernest Borgnine) não sabe é que à sua espera está um outro grupo, mas de caçadores de recompensas para os apanhar. A chefiar este está Deke Thornton (Robert Ryan), um outro veterano e antigo companheiro de aventuras da dupla. À saída do assalto dá-se o primeiro grande momento do filme: uma batalha entre os bandidos e os caçadores de recompensas. A montagem e realização desta cena, assim como acontece no confronto final, estão tão bem feitas que parece que estamos mesmo lá.

A quadrilha acaba por escapar, com algumas baixas, e parte para o México, onde se encontra com um grupo de inimigos de Pancho Villa, que destruiu a aldeia de um dos membros da quadrilha: Angel(Jaime Sanchez). Este, sabendo da morte da família e da fuga da sua amada para os braços do General (assim se chama o líder dos mexicanos), resolve vingar-se. Entretanto a perseguição continua, com grandes cenas de antologia, como a da ponte ou a do comboio, até culminar na tal batalha final, essa sim a grande orgia de violência de «A Quadrilha Final». Tal como a cena do início do filme, filmada com vários planos e a partir de várias perspectivas (diz-se que este filme teve mais de 3600 planos, quando na altura a média de cortes era de 600), esta está muito bem feita. E o recurso à câmara lenta, que também acontece em alguns duelos anteriores, faz-nos lembrar um outro filme que ficou conhecido pela sua violência: «Bonnie and Clyde», de Arthur Penn.

No final encontramos o veterano Deke, depois de cumprida a missão, às portas da vila mexicana onde decorreu a última batalha, a reflectir na vida. Acaba por partir para novas aventuras com um dos sobreviventes da quadrilha, pois sabe que não consegue viver sem ter novas missões por cumprir. Apesar de toda a violência, que é mostrada como de certeza deveria ser na altura, «A Quadrilha Selvagem» é um excelente filme, com uma boa história, grandes personagens e respectivas interpretações e filmado de forma magistral.

Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

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