domingo, 10 de abril de 2011

O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (1920)

(crítica com spoilers)

Se houve filme que fixou uma imagem do expressionismo alemão, que ocorreu durante o período mudo na Alemanha, sem dúvida que «O Gabinete do Dr. Caligari», realizado por Robert Wiene em 1920, foi esse filme. Os grandes 'culpados' foram Walter Reimann, Walter Röhrig e Hermann Warm, responsáveis pelos excelentes e assustadores cenários, utilizados para dar uma força à história que certamente cenários reais não dariam. Quase que se pode dizer que o décor é uma das 'personagens' fulcrais do filme, tanto nas cenas passadas na cidade medieval de Hostenwall como no manicómio onde termina o filme.

«O Gabinete do Dr. Caligari», que esteve para ser realizado por Fritz Lang, relata os acontecimentos ocorridos há alguns anos em Hostenwall, quando a chegada de Dr. Caligari à localidade, para apresentar numa feira local o seu sonâmbulo que prevê o futuro quando acorda, coincide com uma série de mortes estranhas, sem que ninguém descubra o autor dos assassinatos. Esta história é contada por Francis (Friedrich Feher), que esteve envolvido directamente no episódio, e depois de contar esta história a um amigo revive o caso e acaba por voltar a Hostenwall para ter um final bastante ambíguo.

Além dos brilhantes cenários, já referidos atrás, «O Gabinete do Dr. Caligari» tem excelentes caracterizações e boas interpretações, sobretudo a do próprio Dr. Caligari (Werner Krauss), que dão um ar bastante sinistro ao filme, que pretendia ser um ataque às instituições psiquiátricas e aos métodos utilizados por estes estabelecimentos. Francis acaba por ser uma das vítimas desses métodos. O filme acabou por se tornar um dos melhores filmes de terror do período mudo, que merece ser descoberto pelos fãs do género.

O filme pode ser visto abaixo, pois encontra-se disponível completo no YouTube. Esta versão perde um bocado em relação à que tive oportunidade de ver, pois em algumas partes as imagens não têm a melhor qualidade e perdem-se os efeitos dos maravilhosos cenários. O mesmo também sucede com os entre-títulos. Na versão original, em alemão, estes tinham também um tipo de letra bastante adequado à história. Infelizmente na versão inglês isso não foi aproveitado. Mas tem música, elemento que a versão que assisti não tinha.

Curiosidade: foi das primeiras coisas que reparei quando o Dr. Caligari entra em cena. As luvas são bastante parecidas com as do Rato Mickey. Será que esta personagem serviu de inspiração a Walt Disney para criar a imagem o ícone dos seus estúdios, cuja primeira aparição apenas ocorre em 1928?



Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

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