quinta-feira, 30 de junho de 2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um filme, vários posters: Inadaptado, de Spike Jonze (2002)

Eslovénia

Espanha

Irão


Japão

Japão

terça-feira, 28 de junho de 2011

Cinco curtas portuguesas no Teatro do Bairro

Se há coisa que sempre me intrigou foi a falta de presença de curtas-metragens nas sessões de cinema. Salvo nos festivais de cinema e num ou noutro filme que vem acompanhado com uma curta-metragem (por vezes bem melhor do que a longa que deveria ser o prato principal), é muito raro ver uma curta-metragem no cinema. Por isso é de louvar iniciativas que nos dão a ver estas obras.

A próxima vai acontecer já na próxima quinta-feira no Teatro Do Bairro, em Lisboa, a partir das 23:30 e consiste na projecção de cinco curtas-metragens portuguesas. Além da projecção dos filmes vão estar presentes no WATX (assim se chama o evento) membros das equipas para falar com o público. Segundo a página do Facebook da iniciativa esta primeira sessão destina-se a «divulgar, formar e angariar receitas para o novo Cinema Português, em formato Curta-Metragem».

A lista dos primeiros cinco filmes a exibir no âmbito das sessões WATX é a seguinte:

«Assim, Assim», de Sérgio Graciano

«F.r.u.n.c.», de Paulo Prazeres

«Justino», de Carlos Amaral

«A Cova», de Luís Alves

«Bats in the Belfry», de João Alves

O bilhete para a sessão custa cinco euros ou três euros para estudantes de Cinema, Vídeo e Multimédia, sendo que as receitas vão para a produção dos filmes exibidos e à produção WATX. Mais informações aqui.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Juno, de Jason Reitman (2007)

Há filmes que nos passam completamente ao lado até os vermos uma segunda vez. Foi isso que me aconteceu com «Juno». Quando estreou e toda a gente falava nele, sobretudo de muito bom para cima, não achei nada de especial. Apesar de ter gostado, lembro-me de não ter achado nada de especial. Agora que o revi, a minha opinião mudou completamente e adorei a história de Juno (Ellen Page), a adolescente de 16 anos que depois de uma noite aborrecida, em que se lembra de fazer sexo com o melhor amigo, Paulie Bleeker (Michael Cera, num dos seus papéis habituais que tão bem sabe interpretar), acaba grávida.

A solução para Juno, que se sente demasiado nova para tomar conta de uma criança (ou a coisa, como ela trata o bebé) e depois de ficar traumatizada por uma visita a uma clínica de abortos, passa por dar o filho para adopção a um casal que procura um filho. E esse casal não podia ser mais diferente: Mark (Jason Bateman), uma estrela de rock falhada, e Vanessa (Jennifer Garner), que quer à força ser mãe.

O que podia ser uma comédia adolescente parva ou um dramalhão daqueles de fazer chorar as pedras da calçada escapa a esse fatídico destino para se tornar uma excelente comédia sobre a adolescência e o amor, não apenas entre o jovem casal, mas também dos 'crescidos', se assim se pode dizer. Sempre acompanhada por uma excelente banda sonora, que termina com um belo dueto entre Juno e Paulie (uma cover de «All I Want Is You», original dos Moldy Peaches), Ellen Page tem aqui uma das suas melhores personagens até à data. Mesmo sendo alguns anos mais velha do que a personagem, tinha 20 anos quando o filme estreou, mais quatro do que Juno, consegue encarnar na perfeição a desbocada jovem, que tem sempre resposta para tudo. A nomeação ao Óscar de Melhor Actriz nesse ano foi mais do que merecida.

O argumento de Diablo Cody, que lhe valeu a estatueta dourada para Melhor Argumento Original logo na estreia, é também maravilhoso e simples, como todas as boas histórias.

Nota: 5/5

Site oficial do filme

Banda Sonora: Like a Rolling Stone, de Bob Dylan

«Like a Rolling Stone», de Bob Dylan - Banda Sonora de «Histórias de Nova Iorque», de Woody Allen, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese

domingo, 26 de junho de 2011

Histórias de Nova Iorque, de Woody Allen, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese (1989)

Os filmes em episódios em torno de cidades, como «Paris, Je T'aime» ou «New York, I Love You» não vêm de agora. Já em 1989 três realizadores da Big Apple se juntaram para apresentar «Histórias de Nova Iorque». E foram nem mais nem menos do que três dos maiores génios da Sétima Arte, a quem coube contar uma história nova-iorquina: Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Woody Allen. Não é um grande filme, mas consegue captar a essência da cidade que foi cenário de tantas histórias realizadas pelo trio. Aliás, os três episódios quase que podem ser analisados como um exemplo da obra de cada um deles.

Lições de Vida, de Martin Scorsese

O primeiro episódio é da autoria de Martin Scorsese e foca a relação entre o pintor Lionel Dobbie (Nick Nolte) e a sua assistente Paulette (Rosanna Arquette). Ele, mais velho, já tem uma carreira feita, enquanto ela está a tentar chegar a esse patamar. Os dois estão a viver uma fase de ruptura da sua relação amorosa e é essa a história captada por Scorsese. Com uma excelente banda sonora e duas óptimas interpretações, este é um dos melhores episódios do filme, a par do de Woody Allen. Com aquela forma de filmar vemos logo que é um filme de Scorsese, que apenas precisava de um argumento um bocado melhor para ser excelente. Nota: 4/5

A Vida Sem Zoe, de Francis Ford Coppola
No meio está a virtude, diz o ditado. Infelizmente não é o caso de «Histórias de Nova Iorque», onde o episódio de Francis Ford Coppola é o menos conseguido dos três. Escrito a meias com a filha Sofia, «A Vida Sem Zoe» relata a história de uma rapariga sem amigos, filha de pais ricos separados, que vive num hotel onde os empregados acabam por ser a família que Zoe (Heather McComb) não tem. Conhecendo a carreira de Sofia Coppola enquanto realizadora, podemos ver aqui quase como que um primeiro filme da filha de Francis, realizado pelo pai. A história pouco muda em relação aos dois últimos filmes de Sofia e não desperta tanto interesse quanto os outros dois episódios. Nota: 3/5

Destroços de Édipo, de Woody Allen
Se em «Lições de Vida» reconhecemos o estilo de Scorsese, «Destroços de Édipo» tem tudo o que um filme de Woody Allen na sua melhor fase nova-iorquina tem. A começar pela personagem principal, interpretada pelo próprio realizador: o neurótico advogado Sheldon, com problemas por resolver com a mãe. Quando o conhecemos ele conta ao psiquiatra um sonho onde a mãe morreu e ele vai a conduzir o carro funerário a caminho do cemitério com a mãe a resmungar no caixão. Mais tarde, um incidente faz desaparecer a mãe de Sheldon e passados uns dias esta reaparece no céu de Nova Iorque para atormentar o pobre advogado. É uma comédia Alleniana em estado puro, que mesmo numa pequena dose consegue agradar aos fãs do realizador. E ansiar pelo seu regresso à cidade que nunca dorme. Nota: 4/5

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

Belle du jour: Helen Mirren

Helen Mirren em «Excalibur», de John Boorman

sábado, 25 de junho de 2011

Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer, de David Lynch (1992)

No início dos anos 1990, as mentes de David Lynch e Mark Frost deram ao mundo uma das melhores e mais estranhas séries televisivas de sempre: Twin Peaks. A história passava-se na cidade fictícia com o mesmo nome, onde a morte de Laura Palmer (Sheryl Lee)investigada pelo agente especial do FBI Dale Cooper (Kyle MacLachlan) dá o mote para o enredo que vem levantar os inúmeros fantasmas da comunidade. A série foi um sucesso na altura e continua a ser de culto, apesar de ter sido cancelada a meio da segunda temporada, quando a estação que a emitia, a ABC, quis que fosse revelado o autor da morte da jovem, contra vontade dos seus dois criadores. A partir daí, a série perdeu audiência e só depois de muitas queixas foram emitidos os últimos episódios da temporada.

Em 1992, um ano depois do fim da série, David Lynch realiza «Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer», filme que retrata, como o título em português muito bem indica, os últimos dias antes da morte da misteriosa adolescente que estava no centro da série. E tem tudo o que um bom filme de Lynch tem, nomeadamente os elementos estranhos que remetem para sonhos e cenários oníricos, e a banda sonora (de Angelo Badalamenti, como não podia deixar de ser)que adensa ainda mais o ambiente já de si pesado . Tal como na série, aqui nada é o que parece e a inocência de uma comunidade perdida no interior dos EUA acaba por não ser tão inocente quanto isso.

Apesar de não ser considerado pelos fãs do realizador como um dos seus melhores filmes, «Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer» não deixa de ser uma boa obra, que serve sobretudo para aprofundar um pouco a mitologia em torno da série e desvendar alguns dos mistérios. E mostra que esta era uma daquelas séries que podiam ter continuado por muitas e muitas temporadas, tal era a quantidade de linhas narrativas que podiam ser exploradas. A pressão das audiências assim o ditou e desde então poucas foram as séries de televisão que conseguiram ser tão atractivas e misteriosas ao mesmo tempo.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

Maus como as cobras: One Eye

One Eye (Mads Mikkelsen), guerreiro silencioso em «Valhalla Rising - Destino de Sangue», de Nicolas Winding Refn

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A.I. Inteligência Artificial, de Steven Spielberg (2001)

É por causa de filmes destes que eu gosto de Cinema. «A.I. Inteligência Artificial» foi um dos muitos projectos que Stanley Kubrick deixou por fazer e seria o filme a seguir a «Eyes Wide Shut» se não tivesse morrido antes de finalizar este último filme. Dois anos após a morte do génio que nos deu «Shining», Steven Spielberg resolveu abraçar o projecto em jeito de homenagem e o resultado é um dos melhores filmes da primeira década deste século. Sem nunca sair do terreno do universo preferido de Spielberg, a família, «A.I. Inteligência Artificial» é um filme negro para os padrões do pai de «ET».

No centro deste magnífico conto de fadas de ficção científica está David (Haley Joel Osment), um menino robot de última geração criado para amar como um filho. David é testado por um casal que tem um filho doente, com uma doença incurável. Tudo corre bem até que o filho do casal regressa a casa e as diferenças entre humanos e robots acabam por vir ao de cima. Mas também aí já é tarde, pois Monica, a mãe (Frances O'Connor), já se afeiçoou a David e quando chega a altura de o entregar à empresa que o criou não consegue e opta por deixá-lo em liberdade. Inspirado na história de Pinóquio o pequeno robot resolve partir em busca da fada azul para o tornar um menino humano para ser amado pela mãe.

É esta saga e o seu desenrolar que fazem de «A.I.» uma das mais belas histórias, mesmo que em tons de certa forma sombrios, da obra de Spielberg. Com uma bela fotografia e excelentes cenários que recriam um mundo futurista que tanto nos remete para Blade Runner, como para cenários mais apocalípticos, o filme é uma fantástica obra sobre o amor e a procura dos nossos sonhos. Haley Joel Osment tem aqui uma das suas maiores e talvez últimas grandes interpretações. De certeza que nas mãos de Kubrick este seria um filme completamente diferente. Infelizmente nunca o vamos conseguir saber.

Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

Frase(s) que marcam um filme: Pulp Fiction, de Quentin Tarantino (1994)

The Wolf: That's thirty minutes away. I'll be there in ten.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Um filme, vários posters: Outland - Atmosfera Zero, de Peter Hyams (1981)

Alemanha

Austrália

Dinamarca

Espanha

EUA

Japão

Reino Unido

Roménia

terça-feira, 21 de junho de 2011

Valhalla Rising - Destino de Sangue, de Nicolas Winding Refn (2009)

«Valhalla Rising - Destino de Sangue» é um daqueles filmes que é preciso ter algum estômago para ver. Passado na Idade Média, por volta do ano 1000, relata a violenta história de um homem a quem chamam Um-Olho (Mads Mikkelsen), precisamente por ser cego de um olho, que não fala a não ser através de um miúdo que o acompanha. Este miúdo é um dos membros de um clã (?) que tem Um-Olho como escravo até este matar todos os seus membros e partir numa busca pelas suas origens. Possivelmente, pois nunca é bem explicado no filme.

Pelo caminho este estranho guerreiro e o seu jovem companheiro encontram um grupo de cruzados e partem com eles para a Terra Santa. Uma vez mais aí regressa a carnificina. E praticamente é isto «Valhalla Rising - Destino de Sangue», um daqueles estranhos objectos cinematográficos que não sabemos bem como reagir quando vemos. Tem uma belíssima fotografia, de uma qualidade comparável ao excesso de violência que atravessa o filme do início ao fim. Mas o facto de a história ser demasiado despida, não abona muito a seu favor. Tenho de confessar que, o que é raro no meu caso, ia adormecendo umas quantas vezes a vê-lo. Se não fossem as cenas violentas, acho que não o conseguia ter visto completo. Mas vale como experiência.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

Rapariga: Código 6, de Spike Lee (1996)

Este é capaz de ser um dos filmes menos conhecidos de Spike Lee. Pelo menos eu desconhecia a sua existência. Mas tive a sorte de me atravessar com ele durante sessão de zapping, essa excelente actividade televisiva. «Rapariga: Código 6» é a história de uma jovem negra (Theresa Randle), como não podia deixar de ser nesta primeira fase da carreira do nova-iorquino, que não consegue vingar como actriz e passa a vida em busca de trabalho. A sua sorte muda quando resolve candidatar-se a um posto numa linha erótica onde recebe o nome de Código 6.

Quando começa a ter algum sucesso, leia-se clientes que lhe ligam, e a ganhar algum dinheiro, deixa de perseguir os seus sonhos e embrenha-se demasiado no seu trabalho, perdendo pelo caminho alguns amigos. «Rapariga: Código 6» não é o melhor dos filmes de Spike Lee, mas é um filme simpático, onde se destaca a interpretação de Theresa Randle. O filme é todo dela. Mas a história, que acaba por ser um círculo, não se aguenta muito, mesmo com um bom elenco secundário, composto pelo próprio Lee, no papel do melhor amigo da jovem, Isaiah Washington, que interpreta o cleptomaníaco ex-marido da jovem e que tenta regressar aos seus braços. A título de curiosidade, logo a abrir encontramos Quentin Tarantino a fazer de realizador durante um casting que não acaba muito bem. Isto num filme realizado um ano antes de «Jackie Brown».

Esta é apenas uma das referências cinematográficas de «Rapariga: Código 6», que no fundo não deixa de ser um filme sobre a busca interior de uma candidata a actriz, que depois de tentar a sua sorte em Nova Iorque parte para a Califórnia, terra dos sonhos de Hollywood. Mas a aventura não terá grandes resultados, prevê-se com aquele filme. Para quem gosta, uma das melhores partes do filme acaba por ser também a banda sonora, assinada por Prince.

Nota: 3/5

Site do filme no IMDB

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Banda Sonora: Sometimes It Snows In April, de Prince

«Sometimes It Snows In April», de Prince - Banda Sonora de «A Rapariga: Código 6», de Spike Lee

domingo, 19 de junho de 2011

Fim-de-Semana Alucinante, de John Boorman (1972)

Considerado filme de culto dos anos 1970, «Fim de Semana Alucinante» é a história de quatro amigos (Ed - Jon Voight; Lewis - Burt Reynolds; Bobby - Ned Beatty; Drew - Ronny Cox)que decidem descer o rio Cahulawassee de canoa antes que este se transforme para sempre num lago devido à construção de uma barragem. É quase como que um regresso às origens, quando os exploradores desbravavam a natureza selvagem do continente norte-americano, como refere a certa altura Lewis, o mais experiente do grupo. O que este grupo citadino, pouco habituado a ambientes selvagens, não contava era com os perigos da aventura, não só relativos à natureza, mas também aos habitantes da região. Um inesperado ataque a dois dos amigos acaba por resultar no assassinato de um dos atacantes e aquilo que parecia ser um fim de semana calmo, em harmonia com a natureza, acaba por se tornar um pesadelo.

«Fim de Semana Alucinante» começa por ser um filme bastante calmo e tranquilo, apesar do primeiro contacto entre os quatro amigos e a comunidade local não ser completamente amistoso. Mesmo com o fabuloso duelo de guitarra e banjo entre Drew e um miúdo. Aos poucos e sobretudo a partir do ataque ao grupo o filme torna-se um thriller, com cenas bastante bem conseguidas que nos conseguem transmitir as dificuldades dos quatro amigos num ambiente inóspito e a tensão por se encontrarem quase como que fechados num espaço aberto. Este detalhe só falha no visionamento em TV, que foi o meu caso, pois este sufoco é um daqueles casos que ficará sem dúvida bastante melhor no cinema.

O que também está bem conseguido é a evolução das personagens ao longo do filme, consoante o que lhes vai acontecendo. O trabalho de John Boorman, baseado num argumento de James Dickey a partir de uma obra do próprio, mostra como quatro pessoas normais reagem perante um acontecimento que lhes vai mudar para sempre a vida, tomando decisões que provavelmente não tomariam a não ser neste caso. Tudo isto faz como que «Fim de Semana Alucinante» faça jus ao seu estatuto de filme de culto e continua um grande filme, passados quase 40 anos.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

Belle du jour: Julie Sokolowski

Julie Sokolowski, em «Hadewijch», de Bruno Dumont

sábado, 18 de junho de 2011

José Saramago no cinema

Faz hoje um ano que faleceu José Saramago, um dos maiores e mais incompreendidos escritores portugueses de sempre, e o único Prémio Nobel da Literatura em língua portuguesa, acontecimento que deixou a Cultura um pouco mais pobre. Por quatro vezes a sua obra foi transposta para o grande ecrã.

Das quatro obras baseadas em livros de José Saramago que foram alvo das objectivas da Sétima Arte, «Ensaio Sobre a Cegueira» é a mais célebre. Realizada em 2008 pelo brasileiro Fernando Meirelles, autor de «Cidade de Deus» e «O Fiel Jardineiro», a adaptação desta visão catastrófica da Humanidade, em que uma misteriosa epidemia torna a população mundial cega e acaba por nos mostrar a natureza do Homem quando perde um dos seus sentidos fundamentais através do olhar da única personagem que vê, conta com um elenco de luxo e de várias nacionalidades (Julianne Moore, Danny Glover, Gale Garcia Bernal ou Alice Braga). Apesar de o tema ser bastante difícil de filmar, senão mesmo impossível devido à própria natureza da obra (no fundo estamos perante um mundo onde as personagens são cegas), Meirelles conseguiu dar uma nova visão da obra de Saramago, uma das mais conhecidas do escritor.

Já antes, em 2000, tinha sido a vez do holandês George Sluizer ter feito uma versão de «Jangada de Pedra», filme que conquistou alguns prémios em festivais de cinema. Nesta história da separação da Península Ibérica do território europeu, rumo aos Açores, uma vez mais surge um elenco internacional, onde se encontram os portugueses Diogo Infante e Ana Padrão.

A mais recente adaptação de uma obra de Saramago ao Cinema foi «Embargo», de António Ferreira («Esquece Tudo o que te Disse»), e baseia-se num conto publicado pelo Nobel em 1978 na colectânea «Objecto Quase». Passado durante uma crise petrolífera, o filme relata as desventuras do inventor de uma tecnologia que promete mudar a indústria do calçado, que é afectado na sua missão devido à falta de gasolina no carro.

Por fim, há ainda uma curta-metragem de animação feita em 2006 pelo galego Juan Pablo Etcheverry, «A Maior Flor do Mundo», onde o próprio José Saramago é uma das personagens que conta a ideia de um livro infantil, contando uma história de um rapaz que fez nascer a maior flor do mundo.

Já no ano passado a relação do escritor com a jornalista espanhola Pilar Del Rio foi o centro de um documentário realizado por Miguel Gonçalves Mendes. Neste documentário o realizador acompanhou o casal durante uma temporada e o resultado foi uma bela homenagem não só à relação de um simples casal apaixonado, mas também da enorme figura de José Saramago. O filme vai ser projectado hoje às 21h30 na Cinemateca, em jeito de homenagem ao primeiro aniversário da morte do escritor e a propósito do lançamento do DVD do filme. A sessão vai contar com a presença de Pilar del Rio e do realizador.

Todos estes filmes são um exemplo de que a obra de Saramago continua para além dos livros, chegando a outras artes. Para recordar o Homem fica a curta-metragem de Pablo Etcheverry, narrada pelo próprio.

Maus como as cobras: Ilich Ramírez Sánchez (Carlos)

Ilich Ramírez Sánchez (Édgar Ramírez), terrorista conhecido como Carlos em «Carlos», de Olivier Assayas

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Frase(s) que marcam um filme: Alien - O 8.º Passageiro, de Ridley Scott (1979)

Dallas: I haven't seen anything like that except, uh, molecular acid.
Brett: It must be using it for blood.
Parker: It's got a wonderful defense mechanism. You don't dare kill it.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Banda Sonora: This Is Not A Love Song, de Public Image Ltd.

«This Is Not A Love Song», de Public Image Ltd. - Banda Sonora de «A Valsa com Bashir», de Ari Folman

domingo, 12 de junho de 2011

Terra dos Mortos, George A. Romero (2005)

George Romero pode não ser o melhor realizador do mundo, mas é sem sombra de dúvidas um dos maiores quando se fala em cinema de terror com C grande. E «Terra dos Mortos», apesar de não ser o melhor da sua obra, não deixa os fãs do cineasta desiludidos. Uma vez mais as personagens principais aqui são os zombies, desta vez um bocado mais inteligentes do que o habitual, pois conseguem ter alguma autonomia e ultrapassam alguns problemas que a sua espécie enfrenta relativamente bem. Isso não é bem explicado como (por exemplo, na questão do fogo de artifício), mas isso também não interessa nada.

O que interessa é que «Terra dos Mortos» é um dos filmes de terror mainstream realizados na primeira década deste século que não se deixa cair nos facilitismos que o género tem vindo a enfrentar. Leia-se: um grupo de jovens na mira de um serial killer sádico. Neste filme Romero leva-nos a acompanhar um grupo de humanos que tenta evitar a chegada dos zombies a uma cidade fechada liderada por Kaufman (Dennis Hopper), que vive num edifício de luxo junto de uma elite escolhida por ele próprio. Os restantes humanos vivem nessa colónia, mas com menos condições. É a tentativa de um deles chegar ao edifício (Cholo - John Leguizamo) e de outro fugir dos EUA (Riley - Simon Baker), ambos antigos companheiros de armas, que faz avançar a narrativa.

E o que resulta bem em «Terra dos Mortos» é precisamente a história, um factor que tem escapado ao género nos últimos anos e que mesmo os grandes mestres, como Carpenter ou Wes Craven, parece terem perdido. Neste caso, Romero consegue marcar pontos, apesar de mesmo assim não ser a melhor história de sempre. Mas está bem conseguida e acaba por tornar o filme entretenimento interessante, sobretudo para os fãs do cinema de terror mais clássico.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

Vencedores do Festróia 2011

Termina hoje a 27ª edição do Festróia - Festival Internacional de Cinema de Setúbal. Os vencedores foram conhecidos ontem, durante a cerimónia de encerramento do evento, consagrando o filme Tirza, de Rudolf van den Berg, como o Melhor Filme em competição.

A lista completa dos premiados do Festróia 2011 é a seguinte:

Melhor Filme - Golfinho de Ouro
Tirza, de Rudolf van den Berg

Prémio Especial do Júri - Golfinho de Prata
Só Entre Nós, de Rajko Grlic

Melhor Realizador - Golfinho de Prata
Oleg Novkovic, por Mundo Branco

Melhor Actor - Golfinho de Prata
Nebojsa Glogovac, por A Mulher Com o Nariz Partido, de Srdjan Koljevic

Melhor Actriz - Golfinho de Prata
Florence Loiret Caille, por O Pequeno Quarto, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond

Melhor Argumento - Golfinho de Prata
Julio Rojas e Matias Bize, por A Vida dos Peixes, de Matias Bize

Melhor Fotografia - Golfinho de Prata
Pini Hellstedt, por Odisseia na Lapónia, de Dome Karukoski

Prémio do Público
Mamã Gógó, de Fridrik Thor Fridriksson

Prémio Homem e a Natureza
Severn, a Voz das Nossas Crianças, de Jean-Paul Jaud

Menções Especiais
Princesa, de Arto Halonen
Eu Consigo, de Susana Pilgrim

Prémio Primeiras Obras
O Abandonado, de Adis Bakrac

Menções Especiais
Preto e Branco, de Ahmet Boyacioglu
Magdalena Poplawska, pelo desempenho no filme Entre Dois Fogos, de Agnieszka Lukasiak

Prémio Fipresci
Cabelo, de Tayfun Pirselimoglu

Prémio Signis
O Pequeno Quarto, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond

Menção Especial
Ridículo, de Audrey Najar e Fréderic Perrot

Prémio Cicae
O Sussuro, de Heidi Maria Faisst

Prémio Mário Ventura
O Papel Mais Difícil, de Olivier Refson

Belle du jour: Karen Allen

Karen Allen, em «Os Salteadores da Arca Perdida», de Steven Spielberg

sábado, 11 de junho de 2011

Carlos, de Oliver Assayas (2010)

Há já alguns meses que «Carlos», de Olivier Assayas, era um dos filmes bastante aguardados por estes lados, sobretudo pela curiosidade histórica que esta personagem mítica do século XX desperta. A desilusão surge logo no início do filme, quando uma mensagem alerta para o facto de dificilmente a vida de uma personalidade destas poder ser conhecida com detalhe. Mas ao menos não nos podemos queixar que não nos avisaram. «Carlos» é de facto um retrato do terrorista de origem venezuelana, também conhecido como Chacal, que serviu a causa palestiniana (ou a sua própria causa, nunca se chega a perceber, muito menos com o filme de Assayas).

Talvez um dos problemas de «Carlos» para cinema, filme que se baseia numa mini-série para televisão com mais de cinco horas, seja mesmo o que ficou de fora. Não o posso comparar, pois apenas vi a versão curta de duas horas e meia, que foi a que chegou às salas. E nota-se que falta muita coisa, mas que não sei se estará na versão televisiva. A começar, o filme apenas se centra nos anos 1970, passa ao de leve pelo início dos anos 1990 com a queda do Muro de Berlim e as consequências de um novo mundo que resultam desse acontecimento histórico e tem uma longa parte final em 1994, no Sudão, onde Carlos é apanhado pelas autoridades francesas que o levam preso. O resto não é abordado, inclusive os anos 1980, como se nesse período Carlos e o seu grupo estivesse inactivo, o que não aconteceu de facto. Aliás, praticamente só uma das suas acções, talvez a mais espectacular (se assim se pode designar um acto terrorista) é que é explorada: o rapto dos ministros da OPEP em Viena. Ou seja, mesmo que fosse um retrato completo do terrorista, seria incompleto.

De louvar a interpretação de Édgar Ramírez no papel de Carlos, num daqueles papéis que apenas aparecem uma vez na vida e que o actor, curiosamente também venezuelano como o terrorista, protagoniza de forma magistral, com falas em várias línguas e com caracterizações diferentes consoante a fase do terrorista. Pena que o retrato acabe por se tornar quase como uma caricatura de Carlos, o que justifica as palavras pouco simpáticas que o visado proferiu quando visualizou a sua história contada por Olivier Assayas. Menos mal no retrato fica a banda sonora e a forma como «Carlos» está filmado, quase sempre de câmara na mão. Falta agora ver a versão longa para saber se o retrato de Carlos ficou de facto bastante bom, como muitos dizem que ficou. A versão para cinema falha o objectivo de contar um período bastante interessante do século XX que continua nebuloso.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

Get Low - A Lenda de Felix Bush, de Aaron Schneider (2009)

Com «Get Low - A Lenda de Felix Bush» Aaron Schneider estreia-se na cadeira de realizador. E para o ajudar conta com a ajuda de dois actores gigantes: um irreconhecível Robert Duvall e Bill Murray. O elenco também conta com Sissy Spacek, mas num papel bastante secundário. Só estes três nomes e a premissa - um idoso com poucos amigos que vive isolado numa terreola nos EUA e resolve fazer uma festa como funeral, antes de morrer - são suficientes para despertar a atenção.

Mas, como muitos filmes que nascem de boas ideias, nem sempre o resultado final atinge as expectativas. «Get Low - A Lenda de Felix Bush» até começa bem, com apresentação das personagens, mas sempre centrado em Felix Bush (Duvall) e na forma como é visto na vila que o desprezou durante anos. Apesar de ser um isolamento voluntário, só no fim sabemos porque razão o fez, esse isolamento levou ao surgimento de inúmeras histórias sobre o estranho ancião, na sua maioria pouco abonatórias. O objectivo da festa fúnebre é desmistificar essas lendas.

Além de duas grandes interpretações, as de Duvall e de Murray (este interpreta o dono da funerária que prepara a festa, sempre no seu estilo irónico), apesar de por vezes parecerem um pouco em modo piloto automático para o talento da dupla, «Get Low - A Lenda de Felix Bush» fica aquém das expectativas geradas, sobretudo na segunda metade, quando começam a ser revelados os pormenores da verdadeira história do idoso. E este é um daqueles casos que podia claramente ter ido mais além, mas acaba por ser uma estreia razoável para Aaron Schneider.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

A Ressaca: Parte II, de Todd Phillips (2011)

Dois anos depois do sucesso de «A Ressaca» o grupo de amigos Phil, Stu, Alan e Doug (Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis e Justin Bartha, respectivamente) está de volta. Depois das desventuras em Las Vegas, desta vez o destino é Banguecoque, capital da Tailândia, país de origem da noiva de Stu, onde a alcateia vai parar sem saber como. Tal como no anterior filme da série, ao longo desta segunda aventura acompanhamos os quatro amigos para descobrirem o que lhes aconteceu na noite anterior e sobretudo onde é que se encontra Teddy (Mason Lee), o irmão da noiva de Stu e filho prodígio de um sogro que não gosta muito do genro.

Este segundo capítulo da saga é um bocado mais do mesmo. Muda o cenário, mas continuam as piadas sobre sexo e regressa uma das melhores personagens do primeiro filme: o genial gangster Mr. Chow (Ken Jeong) que vai ajudar os quatro a encontrar Teddy no meio do submundo e é protagonista de uma mirabolante perseguição nas ruas de Banguecoque.

Mas «A Ressaca: Parte II» é pouco mais do que isto e não acrescenta quase nada ao primeiro. Tem boas piadas que conseguem provocar algumas gargalhadas em quem gosta de comédias desbocadas e demonstra uma vez mais o talento de Zach Galifianakis para a comédia, que já tinha provado o seu valor no anterior filme de Todd Philipps, «A Tempo e Horas», ao lado de Robert Downey Jr.. Fora isso, pouco há a ver nesta sequela, que tudo indica irá ter continuação. Mas irá decerto agradar aos fãs do primeiro capítulo.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

Maus como as cobras: Ivan Danko

Ivan Danko (Arnold Schwarzenegger), polícia soviético em «Inferno Vermelho», de Walter Hill

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sonata de Outono, de Ingmar Bergman (1978)

«Sonata de Outono» juntou dois grandes nomes da Sétima Arte com o mesmo apelido: Ingmar Bergman na realização e Ingrid Bergman numa das suas últimas aparições no grande ecrã, que lhe garantiu também uma nomeação para os Óscares na categoria de Melhor Actriz, algo pouco comum quando se trata de um filme estrangeiro. A nomeação foi justíssima, pois neste filme Ingrid Bergman tem uma enorme interpretação ao lado de Liv Ullmann, que também não lhe fica atrás.

O argumento centra-se na visita de Charlotte (Ingrid Bergman) a casa da sua filha Eva (Liv Ullmann), depois da morte de um dos seus amantes. Mas aquilo que parecia ser um regresso a casa depois de muitos anos, inicialmente com toda a gente bem disposta, cedo se torna um regresso odioso. Isso nota-se logo numa primeira sequência, quando Eva diz à mãe que a sua irmã doente também está a viver com ela, notícia que não é bem recebida por Charlotte. Mais tarde ao mesmo tempo que Eva tem um curioso diálogo com o marido sobre a sua mãe Charlotte, no andar de cima esta tem um monólogo que uma vez mais dá a ver a natureza da sua personagem. Tudo explode a meio da noite, quando mãe e filha, sobretudo esta, desabafam sobre fantasmas do passado.

Apesar de não ser um dos mais conhecidos filmes de Ingmar Bergman, «Sonata de Outono» não deixa de ser um grande filme. A presença de Ingrid Bergman, e que excelente presença, é apenas um brinde para os fãs do cineasta, que têm aqui todos os ingredientes da sua obra: desde as relações destroçadas a fantasmas do passado, passando por excelentes interpretações e personagens bastante vincadas no seu modo de ver as coisas, nada falta. E o confronto entre Ingrid e Liv não podia ser uma grande despedida na carreira da primeira, que apenas iria regressar num derradeiro papel num filme para televisão em 1982, onde interpretou o papel de Golda Meir.

Nota: 4/5

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