quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um filme, vários posters: Solaris, de Steven Soderbergh (2002)

Espanha

EUA

França

França

Holanda

Japão

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando o Cinema inspira videoclips: Vlad the Impaler, de Kasabian



Música: «Vlad the Impaler»
Artista: Kasabian
Álbum: «West Ryder Pauper Lunatic»
Ano: 2009
Realizador: Richard Ayoade
Inspiração: Filmes de Terror Italianos

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Banda Sonora: Surfin' USA, de The Beach Boys

«Surfin' USA», de The Beach Boys - Banda Sonora de «Lobijovem», de Rod Daniel

domingo, 28 de agosto de 2011

A Autobiografia de Nicolae Ceausescu, de Andrei Ujica (2010)

Este filme não é uma adaptação de uma autobiografia escrita por Nicolae Ceausescu, o homem que liderou, para o bem e para o mal, o Partido Comunista Romeno (PCR) e os destinos da Roménia entre 1965 e 1989. Até porque tal obra não deverá existir, pelo menos que se conheça. O mais recente filme de Andrei Ujica é um documentário feito apenas e só com imagens de arquivo do antigo ditador romeno, onde podemos acompanhar o período que vai desde a morte de Gheorghiu-Dej, o seu antecessor, até ao julgamento, onde se encontra acompanhado pela sua companheira de sempre Elena, que iria ditar o seu destino final, no dia de Natal de 1989.

Não sendo uma autobiografia oficial de um líder comunista, este fabuloso exercício cinematográfico mostra ao longo de três horas inúmeros episódios de um dos regimes socialistas mais sui generis do século XX (apesar de ser alinhado com a Rússia soviética e com o Pacto de Varsóvia, a Roménia foi um dos primeiros países do bloco socialista a receber um líder norte-americano, Richard Nixon, e chegou mesmo a condenar a invasão da Checoslováquia em 1968), de forma coerente, o que levou o realizador a optar por um título com uma enorme carga irónica. Não é, mas podia ser uma autobiografia de Nicolae Ceausescu.

De resto, o caso romeno, apesar das suas particularidades, não deveria ser muito diferente dos seus restantes camaradas. Vivia para a propaganda, que se vê nas inúmeras festas de aniversário (do líder, do partido, da libertação do fascismo, etc.), para a defesa da igualdade entre os povos, para a burocracia (veja-se por exemplo a cena em que Ceausescu propões inúmeros comités para uma fábrica). Este documentário mostra tudo isso e ao mesmo tempo mostra-nos um retrato de um século XX bastante diferente do que era o cenário do Ocidente.

Sem nunca recorrer a voz off, mais do que nunca aqui as imagens valem mesmo por mil palavras, Andrei Ujica só falha num pormenor: a falta de contextualização das imagens e personalidades que vão aparecendo. Se para quem conhece a História é fácil perceber o que se passa, quem a desconhece perde um pouco a noção dos episódios, a não ser quando estes elementos surgem nas próprias imagens. O mesmo acontece com as personalidades que vão visitando ou recebem o casal Ceausescu. Sé é fácil reconhecermos Nixon ou a família real britânica, não será de todo fácil para a maioria dos espectadores reconhecer outras personalidades, mesmo alguns líderes soviéticos como Brejnev. «A Autobiografia de Nicolae Ceausescu» é assim um daqueles documentários históricos que conseguem ser uma janela para o passado, não tão longínquo como isso.

Nota: 4/5

Site oficial do filme

Belle du jour: Emmanuelle Béart

Emmanuelle Béart, em «O Tempo Reencontrado», de Raúl Ruiz

sábado, 27 de agosto de 2011

O Tempo Reencontrado, de Raúl Ruiz (1999)

Poucos cineastas se podem gabar de ter uma obra tão longa como o chileno Raúl Ruiz, falecido há dias, vítima de cancro. Desde 1963 e até 2010 realizou um total de 112 filmes, entre longas e curtas, ficção e documentário, o último dos quais o extraordinário «Mistérios de Lisboa», uma tarefa de peso cujo resultado esteve à altura do génio de Camilo Castelo Branco. Já em 1999 Raúl Ruiz se tinha voltado para uma outra grande obra, em vários sentidos, da Literatura mundial: «Em Busca do Tempo Perdido», de Marcel Proust.

É o último dos sete volumes desta obra de Proust, «O Tempo Reencontrado», que dá o título ao filme, que começa por nos mostrar o escritor acamado e às portas da morte. Depois de ditar um trecho do livro à sua empregada, começa a olhar para fotografias do passado e recorda a sua vida e a das personagens de «Em Busca do Tempo Perdido». Não conhecendo o material de base, apesar de ter muita curiosidade em conhecê-lo, é-me difícil comparar o filme com o livro, que é considerado uma das obras-primas da Literatura mundial.

Esta adaptação de Raúl Ruiz, que conta com um enorme elenco recheado de grandes estrelas (Catherine Deneuve, Emmanuelle Béart, Vincent Perez, John Malkovich ou Pascal Greggory, para focar apenas alguns dos nomes mais conhecidos), é um belo filme, que retrata não só uma certa sociedade francesa do final do século XIX e início do século XX, mas também as relações entre os vários membros desta sociedade, a vários níveis, focando temas como o amor, a infância, a homossexualidade ou a guerra. Tal como em «Mistérios de Lisboa» a recriação de época está bastante bem conseguida.

Mas, talvez fruto dos delírios do narrador, que é o próprio Proust que vai recordando episódios da sua vida, o filme acaba por se tornar um pouco confuso. Além do recurso a elementos oníricos, sobretudo no início do filme, os inúmeros avanços e recuos na narrativa forçam-nos a estar demasiado atentos, pois à mínima distracção corremos o risco de perder o fio à meada. Outro dos problemas em «O Tempo Reencontrado» é uma certa perda de ritmo quando começa a chegar ao final, algo que num filme com cerca de duas horas e meia pode levar o espectador a entrar em desespero. Agora falta ler a obra de Proust para poder compará-la com a sua adaptação, que pelo menos serviu para abrir o apetite.

Nota: 3/5

Site do filme no IMDB

A Lista de Schindler, de Steven Spielberg (1993)

Durante um dos episódios mais negros da Humanidade (e será possível falar em Humanidade quando se fala em algo como o Holocausto?) um membro do partido Nacional Socialista, o empresário Oskar Schindler (Liam Neeson), conseguiu salvar mais de um milhar de judeus da morte certa, gastando tudo o que tinha ao dispor. Foi esta história que levou Steven Spielberg a realizar um filme em homenagem aos mais de 6 milhões de judeus que morreram nos campos de concentração idealizados pelo regime liderado por Adolf Hitler.

Filmado a preto e branco «A Lista de Schindler» centra-se na vida de Schindler durante a II Guerra Mundial. Começa com a chegada do empresário Schindler à cidade de Cracóvia onde pretende fazer negócio com uma fábrica de panelas. Para fazer fortuna e investir pouco começa por ganhar influência junto dos oficiais nazis e depois pede ajuda a investidores judeus, na altura já presos num gueto, e mão de obra também judaica, pois custava-lhe menos do que a mão de obra polaca.

O seu espírito de empresário, inicialmente é o de um homem de negócios que apenas quer fazer dinheiro, muda quando se apercebe do destino de milhares de pessoas. Quando a morte é mais que certa para os seus funcionários, tenta salvá-los com todo o dinheiro que tem. Mais tivesse, mais teria gasto, como fica patente numa das cenas finais, quando se questiona quantas pessoas poderiam ter sido salvas se vendesse o seu carro. Apesar de o filme ter muitas cenas violentas, nomeadamente as que se passam nos campos de concentração, esta é talvez uma das mais expressivas. Estamos perante alguém que se apercebe da sua impotência perante um acontecimento terrível, que mesmo podendo fazer mais, dificilmente conseguiria fazer mais do que já tinha conseguido fazer, ajudando a salvar cerca de 1.100 pessoas.

Esta cena é o culminar de uma excelente interpretação de Liam Nesson, que lhe valeria uma nomeação ao Óscar de Melhor Actor. Quem também alcança uma interpretação genial é Ralph Fiennes (nomeação para Óscar de Melhor Actor Secundário), ao interpretar o sádico Amon Goeth, comandante de um dos campos de concentração nazis situados na Polónia, que espelha bem o Mal e uma ideologia para quem uma vida considerada inferior não tem valor.

Com «A Lista de Schindler» Steven Spielberg regressou à II Guerra Mundial (época histórica que já estava presente nos filmes da trilogia «Indiana Jones» e em «1941 - Ano Louco em Hollywood» e «Império do Sol») para nos dar um dos seus melhores filmes, que lhe valeu muito justamente o seu primeiro Óscar para Melhor Filme. Além de contar bem uma história que deve ser contada, para que pequenos episódios bons no meio de acontecimentos de má memória não sejam esquecidos no tempo, um dos grandes trunfos do filme é o recurso ao preto e branco. Uma excelente opção a meu ver, pois penso que colorir um filme destes não daria tanta força às imagens que representa.

Nota: 5/5

Site oficial do filme

Maus como as cobras: Johann Schmidt / Red Skull

Johann Schmidt (Hugo Weaving) em «Capitão América: O Primeiro Vingador», de Joe Johnston

Red Skull (Hugo Weaving) em «Capitão América: O Primeiro Vingador», de Joe Johnston

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Frase(s) que marcam um filme: As Confissões de Schmidt, de Alexander Payne (2002)

Warren Schmidt: I know we're all pretty small in the big scheme of things, and I suppose the most you can hope for is to make some kind of difference, but what kind of difference have I made? What in the world is better because of me?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Em Cartaz: Semana 25/08/2011

Amigos Coloridos, de Will Gluck
A Autobiografia de Nicolae Ceausescu, Andrei Ujica
Sem Prada nem Nada, de Angel Gracia
Eu Vi o Diabo, de Kim Ji-woon
Conan, o Bárbaro, de Marcus Nispel

Lobijovem, de Rod Daniel (1985)

Este é um daqueles filmes deliciosos (o que não é o mesmo que dizer que sejam grande coisa) que só podia ter saído dos anos 1980. Protagonizado por Michael J. Fox, um excelente actor que infelizmente apenas singrou naquela década e durante a década seguinte, por culpa da doença de Parkinson que o afecta, «Lobijovem» narra as aventuras de um jovem que está no liceu e descobre que as estranhas mudanças que estão a ocorrer no seu corpo não resultam da mudança de idade, mas sim do facto de ser um lobisomem.

Mas este pequeno pormenor acaba por não ser um entrave como Scott Howard pensava ao início, pois o seu novo estado acaba por lhe dar o estatuto que nunca teve: torna-se o mais popular do liceu, consegue sair com a rapariga com quem sempre quis sair e a sua equipa de basquetebol, que perdia jogos atrás de jogos, começa a ganhar tudo graças ao novo jogador. Ao mesmo tempo, Scott vai perdendo alguns amigos, nomeadamente a sua melhor amiga de infância, que gosta dele.

Pelo argumento «Lobijovem» dificilmente seria uma obra prima do Cinema. Acontece que, passados tantos anos, não deixa de ser uma comédia adolescente bastante simpática, verdadeira pérola da década de 1980 e exemplo das comédias que se faziam na altura. E é sempre bom ver um então muito jovem Michael J. Fox, na altura acabadinho de sair do primeiro episódio da trilogia «Regresso ao Futuro», em grande forma.

Nota: 3/5

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um filme, vários posters: Os Sete Magníficos, de John Sturges (1960)

Alemanha

Alemanha

Argentina

Austrália

Espanha

Espanha

EUA

EUA

EUA

EUA


França

França

França

França

Hungria


Itália

Itália


Japão

Japão


Japão
Reino Unido

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Masters of Horror: Deer Woman, de John Landis (2005)

Tal como Joe Dante, também John Landis foi um dos nomes bastante populares nos anos 1980, mas desde então a sua carreira tem sido meio irregular. E também ele assinou uma das mais interessantes propostas desta primeira temporada de «Masters of Horror». Com o título de «A Mulher Veado», o filme segue a investigação de Dwight Faraday (Brian Benben), um antigo polícia da brigada de homicídios que foi afastado para a unidade de crimes animais, a um conjunto de mortes em que as vítimas aparecem bastante maltratadas. Em comum a todos estes crimes o facto de as vítimas serem todas do sexo masculino, terem sido vistos ao lado de uma mulher extremamente bela e o aparecimento de estranhas pegadas de veado no cenário do crime.

De início «A Mulher Veado» parece ser um filme sobre um serial killer, tal é o estado em que as vítimas são encontradas e todas com características semelhantes. Mas quando descobrimos pormenores como a unidade de Dwight, tudo começa a entrar num universo um pouco surreal, e aquilo que começava a parecer um episódio de «Ficheiros Secretos» torna-se algo completamente fora. Quase que poderíamos ver este filme como um cruzamento entre os saudosos Monthy Python e um episódio da série protagonizada por Mulder e Scully. A título de curiosidade, uma das personagens, a médica legista que faz as autópsias, tem o nome de Dana.

O resultado final é não um filme de terror puro, praticamente não tem muito sangue e mesmo os cadáveres das vítimas apenas são vistos de relance, mas um filme com tons cómicos em que o terror é um pretexto para uma boa história. E, tal como ocorreu no episódio de Joe Dante, mostra que quem sabe não esquece.

Nota: 5/5

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Site do episódio no IMDB

Quando o Cinema inspira videoclips: Thriller, de Michael Jackson



Música: «Thriller»
Artista: Michael Jackson
Álbum: «Thriller»
Ano: 1982
Realizador: John Landis
Inspiração: Filmes de Terror

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Banda Sonora: Heroes, de The Wallflowers

«Heroes», de The Wallflowers (original de David Bowie) - Banda Sonora de «Godzilla», de Roland Emmerich

As Confissões de Schmidt, de Alexander Payne (2002)

A par do mafioso Costello, o excelente papel que interpretou em «The Departed - Entre Inimigos», de Martin Scorsese, Warren Schimdt foi uma das melhores criações de Jack Nicholson na primeira década deste século. Warren Schmidt é o protagonista de «As Confissões de Schmidt», o quarto filme de Alexander Payne, um realizador norte-americano com poucos mas bons filmes no currículo, onde se destaca ainda «Sideways». Depois de «Election», também bastante recomendável, foi com «As Confissões de Schmidt» que Payne cimentou a sua carreira que parece um pouco parada. Mas deverá voltar em breve, com um filme com estreia prevista para este ano e outro para 2012, se tudo correr como previsto.

Mas vamos ao que interessa e falar de Warren Schmidt, uma daquelas personagens que sozinhas fazem um filme inteiro. E quando são interpretadas por actores como Jack Nicholson, como só eles o sabem fazer (e foi este o caso), o resultado só pode ser bom. Warren Schmidt é um homem de 66 anos que acaba de se reformar, depois de uma vida inteira a trabalhar numa seguradora. Poucos dias depois da reforma e sem grandes planos para fazer, a sua esposa morre. Com uma filha prestes a casar, com um noivo que não é bem visto pelo futuro sogro, e com ainda menos planos, Schmidt faz-se à estrada e começa a questionar-se e a ver a vida sob outro prisma, ao mesmo tempo que troca correspondência com um órfão africano, que acaba por ser o seu confidente à distância.

O que poderia ser um filme lamechas, e tem tantas oportunidades para seguir por aí, acaba por ser um dos grandes filmes dos últimos anos. E continua a ser, num segundo visionamento. A personagem de Nicholson é sarcástica ao expoente máximo e isso nota-se na forma como reage aos outros. Mas as voltas que o destino dá em vez de o deitarem a baixo apenas servem de alento para ele rever a sua vida e olhar em frente. E aquele final não podia ser melhor para alguém que tem pouca esperança de que daí para a frente nada vai ser como dantes.

Jack Nicholson está simplesmente brilhante, num filme em que praticamente está presente em todas as cenas. Destaque ainda para duas boas secundárias: Hope Davis e Kathy Bates, esta última com direito a nomeação ao Óscar de Melhor Actriz Secundária, apesar de pouco estar presente no filme. Alexander Payne consegue aqui uma excelente comédia dramática, com uma belíssima banda sonora, que iria abrir caminho e dar já um cheirinho para o seu filme seguinte: «Sideways».

Nota:5/5

Site oficial do filme

domingo, 21 de agosto de 2011

Masters of Horror: Homecoming, de Joe Dante (2005)

Joe Dante foi uma das promessas dos anos 1980, mas como muitos da sua geração, acabou por não ter uma carreira tão forte quanto isso depois daquela década. Pelo menos no Cinema, pois desde 1990 o realizador apenas apresentou cinco filmes. O que não quer dizer que tenha estado parado, apenas esteve mais concentrado em projectos televisivos. Daí não ser de estranhar a sua presença na série «Masters of Horror», onde apresenta nesta primeira temporada «Regresso a Casa», um filme de zombies que mais não é do que uma sátira à política dos EUA. E é também o meu preferido entre os seis já vistos.

O regresso a casa a que o título diz respeito é o regresso dos soldados norte-americanos que morreram numa guerra. Não é dito qual a origem do conflito, mas tudo indica que será a Guerra do Iraque ou a Guerra no Afeganistão, pois o filme decorre durante a campanha presidencial que iria reeleger George W. Bush. Poucos dias depois de um analista do presidente Bush dizer num programa de televisão que o seu maior desejo era ver os soldados regressarem vivos aos EUA, estes começam de facto a regressar, mas sob a forma de zombies. O que poderia indicar o início de uma praga de mortos-vivos acaba por se tornar uma bênção para David Murch (Jon Tenney), ao descobrir que a única forma destes zombies morrerem é depois de votarem. E tudo estava a correr bem até estes zombies começarem a juntar-se aos opositores da guerra.

Subvertendo um pouco a lógica do género de filmes de zombies, em que estes representam uma ameaça para a espécie humana, Joe Dante conseguiu fazer uma brilhante sátira aos meandros da política. As sequências em que os analistas debatem se os mortos-vivos podem ou não votar são simplesmente delirantes. «Regresso a Casa» não é tanto um filme de terror, mas uma comédia em tons de terror, bastante sarcástica. Ao mesmo tempo que nos diverte, tem umas tiradas muito certeiras que nos fazem pensar sobre a forma como nos dominam.

Nota: 5/5

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Belle du jour: Olivia Wilde

Olivia Wilde, em «Cowboys & Aliens», de Jon Favreau

sábado, 20 de agosto de 2011

Cowboys & Aliens, de Jon Favreau (2011)

Este é daqueles filmes que não engana ninguém, o título diz logo ao que vai. E o que aí vem em «Cowboys & Aliens», de Jon Favreau, é um western de ficção científica onde uma pequena cidade do Oeste é invadida por extra-terrestres, que além de roubarem ouro também raptam alguns dos habitantes. Depois de um desses ataques um grupo liderado pelo fora da lei Jake Lonergan (Daniel Craig), que sem saber como aparece com uma estranha pulseira no pulso, que descobre ser uma arma, e Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford), o rancheiro e homem mais rico da região, resolve ir atrás dos estranhos seres que julgam ser demónios e assim salvar os seus familiares.

Estamos assim perante mais um dos blockbusters do Verão e se a ideia tem tanto de original (quase que parece saída de um série B) como estranha, o resultado final é bem melhor do que o esperado. Não sendo um daqueles filmes que ficam na memória como grandes obras, «Cowboys & Aliens» cumpre o objectivo de entreter e curiosamente não cai nos clichés do costume. A história está bem contada, a dupla protagonista é boa e não se encosta à bananeira como muitas estrelas fazem neste tipo de filmes, para cumprir os mínimos, e o filme acaba por se ver bem. Pena é constatar uma vez mais que Sam Rockwell, um dos actores norte-americanos mais subvalorizados da actualidade, acaba relegado para um papel tão secundário que mal damos por ele.

Não vale a pena estar à espera de um excelente western, até porque nos últimos anos poucos foram os filmes que conseguiram estar à altura do período de ouro do género, mas para quem quiser passar umas boas duas horas no cinema, sem querer perder em argumentos muito elaborados, «Cowboys & Aliens» até consegue ser uma boa surpresa. Por muito que a ideia inicial de juntar cowboys e extra-terrestres no mesmo filme pareça descabida.

Nota: 3/5

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O Dia da Saia, de Jean-Paul Lilienfeld (2008)

Quando «O Dia da Saia» estreou, em 2008, Isabelle Adjani estava afastada do Cinema há cinco anos. Mas o seu regresso ao grande ecrã, depois de participar no mesmo ano num telefilme, veio provar porque Isabelle Adjani é uma das grandes actrizes francesas. O último filme realizado por Jean-Paul Lilienfeld é todo dela, graças a uma brilhante interpretação que faz jus ao seu regresso.

Apesar de já ter quatro anos «O Dia da Saia» continua a ser um filme bastante actual, que foca o sistema de ensino e as diferenças culturais em França dos dias de hoje. Quase que podíamos estabelecer aqui um paralelismo, com as devidas diferenças e sem exagerar muito, com o que se passou há uns dias no Reino Unido, situação que também já ocorreu precisamente em território francês. Passado numa escola secundária de um subúrbio, supomos nós, pois nunca é dito, o filme retrata o dia em que a professora Sonia Bergerac (Isabelle Adjani), farta de ser gozada pelos seus alunos mal comportados, encontra na mala de um deles uma pistola e resolve sequestrar a turma.

É neste pequeno barril de pólvora, com alunos e professores de diferentes origens, que a professora colapsa. Mas «O Dia da Saia», tal como «Um dia de Cão» (de Sidney Lumet), é muito mais do que isso. É um retrato de uma sociedade em que não há respeito por ninguém e as próprias autoridades não sabem o que fazer perante situações que fogem do controlo. Basta ver as justificações do director da escola quando lhe perguntam porque razão nunca levou os avisos de Sonia à letra: de que lhe servia expulsar um aluno mau, se depois lhe enviavam outro, que não conhecia. Para ele, prefere ter os que já conhece, mesmo que não sejam flor que se cheire. E no final todos sofrem as consequências: professores, alunos e familiares de ambas as partes.

Se já referi a excelente interpretação de Isabelle Adjani, a demonstrar que quem sabe não esquece mesmo depois de tantos anos longe das luzes da ribalta, há que destacar também a interpretação de Denis Podalydès, no papel do negociador da polícia que tenta convencer Sonia a sair da sala. É um papel secundário, mas é uma interpretação à altura de Adjani. «O Dia da Saia» é um dos melhores filmes franceses dos últimos anos, que infelizmente passou um pouco ao lado, mas vale bem a pena ver devido à sua actualidade.

Nota: 4/5

Site oficial do filme

Masters of Horror: Chocolate, de Mick Garris (2005)

Ao quinto episódio, um passo em falso. Curiosamente dado por Mick Garris, o próprio criador da série «Masters of Horror». «Chocolate» narra a história de Jamie (Henry Thomas - lembram-se de Elliot, o miúdo de «ET», de Steven Spielberg?), um homem que trabalha numa fábrica de comida e tem como trabalho criar novos sabores para os alimentos. Poucos meses depois de se divorciar Jamie está de dieta, mas sempre que come chocolate começa a ver e a sentir o que se passa com Catherine (Lucie Laurier). À medida que Jamie vai sentindo na pele a existência de Catherine, e sobretudo depois de ver num espelho que ela é uma mulher bonita, resolve ir atrás dela para a conhecer pessoalmente.

A lógica de «Chocolate» é a semelhante à do filme «Queres Ser John Malkovich?», de Spike Jonze, mas sem o genial argumento de Charlie Kaufman. E o resultado é bastante inferior. Apesar de Henry Thomas até ter uma boa prestação, a história é muito fraquinha e não se aguenta como filme de terror, apesar de um ou outro pormenor. A entrada em cena do criador de «Masters of Horror» não convence, com um episódio que é simplesmente razoável quando comparado com os primeiros quatro.

Nota: 3/5

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Maus como as cobras: Ben Wade

Ben Wade (Glenn Ford) em «O Comboio das 3 e 10», de Delmer Daves

Ben Wade (Russell Crowe) em «O Comboio das 3 e 10», de James Mangold

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Masters of Horror: Jenifer, de Dario Argento (2005)

Quando o polícia Frank Spivey (Steven Weber) salvou uma mulher de morte certa, quando esta estava prestes a ser atacada por um sem-abrigo munido de um cutelo, mal sabia o que o esperava. Depois de descobrir que Jenifer (Carrie Fleming), a mulher com a cara desfigurada que salvou, não tinha sítio onde ficar a não ser uma instituição para pessoas perturbadas, Frank resolve levá-la para casa. É a partir daqui que tudo se vai alterar na vida do polícia, quando descobre que Jenifer tem um apetite por sangue tão forte como o seu apetite sexual.

«Jenifer» é a contribuição de Dario Argento, o famoso mestre italiano do Giallo, para a série «Masters of Horror» e apesar de não ser necessariamente passado nos cenários que nos habituou, este episódio tem vários pontos de contacto com o universo que o tornou popular dentro do Terror Italiano. Nomeadamente a banda sonora, tão simples quanto perturbadora, e uma personagem principal que vai enlouquecendo ao longo do filme, fruto das circunstâncias. Há também uma enorme carga erótica em algumas das sequências. Estes pequenos elementos acabam por remeter para o imaginário de Argento, que apesar de ter atingido o pico da popularidade há alguns anos atrás, mostra que ainda sabe o que faz, mesmo com poucos meios.

Este episódio é mais um bom telefilme, pena ser tão previsível, o que indica que a qualidade da série tem vindo a aumentar a cada novo episódio e faz crescer também as expectativas face ao que virá a seguir. «Jenifer» pelo menos já conseguiu provocar algum friozinho no estômago. Aguardam-se novos episódios desta fantástica série, que até ver está a cumprir o esperado.

Nota: 4/5

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Frase(s) que marcam um filme: O Padrinho, de Francis Ford Coppola (1972)

Bonasera: I believe in America. America has made my fortune. And I raised my daughter in the American fashion. I gave her freedom but I taught her never to dishonor her family. She found a "boy friend," not an Italian. She went to the movies with him. She stayed out late. I didn't protest. Two months ago he took her for a drive, with another boy friend. They made her drink whiskey and then they tried to take advantage of her. She resisted. She kept her honor. So they beat her. Like an animal. When I went to the hospital her nose was broken. Her jaw was shattered, held together by wire. She couldn't even weep because of the pain. But I wept. Why did I weep? She was the light of my life. A beautiful girl. Now she will never be beautiful again.
Sorry...
I went to the police, like a good American. These two boys were brought to trial. The judge sentenced them to three years in prison, and suspended the sentence. Suspended sentence! They went free that very day! I stood in the courtroom like a fool, and those two bastards, they smiled at me. Then I said to my wife, "For justice, we must go to Don Corleone."
Don Corleone: Why did you go to the police? Why didn't you come to me first?
Bonasera: What do you want of me? Tell me anything. But do what I beg you to do.
Don Corleone: What is that?
That I cannot do.
Bonasera: I will give you anything you ask!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Em Cartaz: Semana 18/08/2011

Vénus Negra, de Abdellatif Kechiche
Bem-vindo ao Sul, de Luca Miniero
Cowboys & Aliens, de Jon Favreau
Green Lantern - Lanterna Verde, de Martin Campbell

Masters of Horror: Dance of the Dead, de Tobe Hooper (2005)

Num futuro próximo, depois de uma guerra nuclear ter deixado várias partes dos EUA destruídas, um clube nocturno chamado Doom Room tem como principal atracção um espéctaculo denominado a Dança dos Mortos. É neste estranho clube que Peggy (Jessica Lowndes), uma jovem que vive sozinha com a mãe e trabalha com ela num pequeno café da família, vai descobrir os segredos do seu passado e porque razão a mãe não quer que ela saia sozinha à noite. Mas a passagem do criminoso Jak (Jonathan Tucker), que se apaixona de imediato por Peggy, vai afastá-la para conhecer o mundo que ela não conhece.

«A Dança dos Mortos» é mais um bom episódio da série «Masters of Horror», desta vez realizado por Tobe Hooper a partir de um conto de Richard Matheson. Tirando uma montagem demasiado rápida, que abusa das imagens desfocadas por vezes sem grande necessidade, este é um dos melhores episódios da série até agora e traz um brinde para os fãs do cinema de terror: a presença de Robert Englund, que ficou conhecido dentro do género por interpretar o mítico Freddy Krueger. Desta vez protagoniza o dono e anfitrião dos espectáculos do Doom Room. Além desta excelente personagem, bem encarnada por Englund, destaque para as interpretações de Jessica Lowndes e Jonathan Tucker que conseguem uma boa química.

Por fim, há que assinalar a banda sonora, a cargo de Billy Corgan, vocalista dos Smashing Pumpkins, que ajuda não só a criar e complementar o ambiente sombrio deste mundo paralelo, mas também a tornar mais pesado os cenários do clube nocturno, que faz lembrar alguns filmes dos idos anos 1980.

Nota: 4/5

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Masters of Horror: Dreams in the Witch-House, de Stuart Gordon (2005)

Tal como no primeiro episódio da série, o segundo episódio de «Masters of Horror» é baseado num conto, desta vez da autoria de H.P. Lovecraft. Em «Sonhos Diabólicos» o estudante universitário Walter Gilman (Ezra Godden) está à procura de um quarto num sítio calmo para conseguir estudar. A escolha recai numa casa antiga, pertencente a um senhorio com ar de poucos amigos, que está a alugar quartos. Mas aos poucos aquele local que parecia calmo, passa a ser cenário de estranhas aparições que vão atormentar o jovem.

Tudo começa com um barulho estranho na primeira noite, vindo do andar de baixo, e prossegue quando um rato aparece no quarto da vizinha Frances (Chelah Horsdal) e do seu filho bebé. Depois de ser avisado por um outro inquilino para a visita de uma ratazana com cara de homem, Walter começa a ter estranhos sonhos, onde é visitado por uma bruxa. «Sonhos Diabólicos» é um filme sobre casas assombradas e um episódio de cariz mais sobrenatural do que o anterior «Incidente Numa Estrada de Montanha».

Não tem tantos sustos como o anterior, mas a história está mais bem conseguida e aqui o sangue já está mais presente. Ezra Godden consegue ter uma boa interpretação, acompanhando bem a evolução da personagem desde a chegada à casa ao seu destino final, que não divulgo para não estragar a surpresa. E «Sonhos Diabólicos» tem um grande final, apesar de não ser muito original dentro do género.

Nota:4/5

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